Linhas de Pesquisa

Atualmente o grupo segue por três linhas de pesquisa:

    1. A formação de sujeitos (professores, estudantes, educadores)

Buscamos problematizar e desnaturalizar as tecnologias da e para a educação: Que tecnologias são essas? Que valores educativos carregam? Quais ideologias promovem?Estas questões geram implicações diretas para os currículos. Quais conhecimentos são necessários para a formação de sujeitos emancipados na contemporaneidade? Como as tecnologias vêm sendo integradas ao currículo na contemporaneidade? Com que intencionalidade? Como se caracterizam as formações propostas sobre as tecnologias na educação? Como pensar e desenvolver a formação de professores com e sobre as tecnologias a partir da perspectiva crítica de tecnologia?

As TDIC veiculam conteúdos de diversificados formatos e temáticas, produzidos por diversos autores. Recentemente, estamos assistindo ao papel central das mídias, em especial das redes sociais, na promoção de discursos violentos e discriminatórios. Muitas vezes, essas mensagens se apropriam de discursos científicos para criar narrativas de superioridade de raça, gênero e classe social. Para a escola, o que isso significa? Como entender essas produções com as quais os alunos se relacionam cotidianamente? Como desenvolver a leitura crítica dessas mensagens e representações? Que novos conteúdos de aprendizagem essas discussões acabam por criar/demandar na escola? Como possibilitar espaço para que eles ressignifiquem essas mensagens à luz de seus novos e necessários aprendizados? Como preparar os futuros professores para uma escola na cultura digital que promova o desenvolvimento pleno dos estudantes? E, principalmente, como engajá-los em ações de transformação desta realidade?

Pesquisas desenvolvidas nesta linha:

Daniela Monteiro Will – Plataformas digitais como contextos de autoformação de professores da educação básica sobre a relação tecnologias e educação: uma análise crítica.

Maria Eduarda de Melo Vieira – Leitura de vídeos educativos por estudantes da rede básica: possibilidades a partir da teoria crítica da tecnologia.

Ari Renato de Lima Pimentel – Integração de TDIC e formação de professores na Escola do Futuro em Florianópolis. 

Salete da Aparecida Martins – Ciência, cultura digital e emancipação: percepções de professores de ciências das escolas vinculadas aos movimentos sociais populares.

Edna Araujo dos Santos de Oliveira – As vozes dos professores: contextualização do conhecimento poderoso e do currículo na cultura digital.

Ari Renato de Lima Pimentel – A integração de TDIC na prática pedagógica orientada pela abordagem da pesquisa como princípio educativo: um olhar da mídia-educação.

Grayce Lemos – Desafios e implicações da IA para a educação: delineamentos para a formação de sujeitos a partir de Teoria Crítica da Tecnologia

Francis Pereira Dias Ferreira – Intergação Crítica das TDICs e a Formação de Professores pelo Curso Licenciatura, nas modalidade EaD. 

    2. O desenvolvimento de tecnologias da e para a educação

Cerny, Almeida e Espíndola (2023) denunciam que um dos problemas centrais da relação da educação com as TDIC e sua integração no currículo reside no modelo de integração de tecnologia operado pelas políticas educacionais e pelas redes de ensino. Como problematizam Espíndola et al. (2022), as TDIC são geralmente pensadas e desenvolvidas por outros atores, que não os afetados por estas tecnologias no contexto escolar. As instituições de ensino não são sequer consultadas sobre suas reais necessidades e sobre quais tecnologias precisam/desejam. Cabe a elas adotar as tecnologias oferecidas, geralmente desenvolvidas pelas grandes empresas educativas, carregando concepções de ensino, de aprendizagem, valores e intencionalidades exógenos às instituições.

Nos dedicamos também a refletir sobre os processos de desenvolvimento da tecnologia educativa. Quem as desenvolve? Com que intencionalidades? Consideramos que a questão central da integração das TDIC na educação deve ser o alinhamento ao projeto educativo constituído pelo coletivo de cada escola. Que educação acreditamos? Que sujeito pretendemos formar? Qual a importância do contexto e da cultura atuais para o projeto educativo? Quais tecnologias são oferecidas à escola? E quem escolhe essas tecnologias? Como, por que e para quê esta escola vai integrar as TDIC em seus processos? Quais tecnologias queremos ou precisamos?Que outras metodologias precisamos para criar uma outra tecnologia que represente os valores das escolas e seus sujeitos?O desenvolvimento de tecnologias pode ser um lugar de luta e de resistência contra-hegemônica (Cerny, Almeida e Espíndola, 2023), com objetivo de reorganizar os modos de produção. No cenário em que as TDIC são produzidas, existem grandes monopólios, mas ao mesmo tempo, pequenos movimentos que buscam desenvolver meios tecnológicos para fortalecer o desenvolvimento social, na busca de enfrentar os conflitos e desigualdades históricas no meio educacional. Como fazer da escola um espaço que pensa e cria tecnologias? Buscamos uma aproximação sócio-crítica aos desenhos, processos, atividades, entornos, sistemas, conteúdos e ferramentas que usamos nos cenários educativos. Neste processo, precisamos manter no horizonte os objetivos da educação (descolados dos interesses de provedores tecnológicos ou de corporações transnacionais diversas), considerando os fatores sociais, culturais, ideológicos e econômicos, junto com a realidade contextual sócio-técnica (Espíndola e Grané, 2023). 

Pesquisas desta linha:

Rosely Zen Cerny e Marina Bazzo de Espíndola – A Pesquisa Educativa como espaço formativo e de co-criação nas comunidades escolares: possibilidades metodológicas a partir da Teoria Crítica da Tecnologia e do Design Participativo.

Éverton Vasconcelos de Almeida – O potencial da Rádio na Escola: formação crítica na voz de estudantes de escola pública.

Guilherme Scheid – Pensamento Decolonial na Educação Patrimonial: desenvolvimento de tecnologias na Perspectiva Sócio-crítica.

    3. As políticas educacionais 

No período pós-pandêmico a educação, o mundo do trabalho e a classe trabalhadora, em especial os trabalhadores da educação, encontram-se imersos numa realidade ainda mais permeada e mediada pelas TDIC. As plataformas digitais ganham protagonismo exercendo controle sobre as relações sociais, educacionais e de trabalho, num processo de massificação e apagamento das diversidades (Decuypere; Grimaldi e Landry, 2021; Pretto et al., 2021). Com o rápido desenvolvimento de ferramentas de IA de mais fácil apropriação e os impactos que geram na sociedade, nos contextos educativos e na forma de nos relacionarmos com o conhecimento, novos desafios apontam para os pesquisadores do campo da tecnologia e educação. 

Nesta linha nos dedicamos ao estudo das políticas públicas para integração das tecnologias aos currículos: Que concepções de tecnologia que orientam as políticas educacionais? Como se organizam os currículos da educação básica, da formação inicial e continuada de professores no que se refere à temática das tecnologias? Como estas políticas são recontextualizadas no espaço escolar?Buscamos, também, identificar a presença ou ausência das temáticas e conceitos emergentes do campo da tecnologia e educação nas políticas, como por exemplo: ensino remoto, ensino híbrido, plataformização da educação, soberania digital, inteligência artificial, analisando os significados atribuídos e suas intencionalidades. Procuramos analisar o entrelaçamento das políticas públicas com o setor privado e as plataformas digitais na educação escolar e na formação docente. Assim como investigar os principais pontos de controle que as TDIC vêm exercendo nos contextos escolares (ferramentas de gestão, currículo, materiais didáticos, tecnologias móveis) dos sujeitos que integram o cotidiano da escola e os novos modos de ação e trabalho docente.

Pesquisas desta linha: 

Everton Vasconcelos de Almeida – “Quando você se torna um educador Google”: integração de tecnologias digitais ao currículo da Educação Básica como estratégia neoliberal.

Tobias Alencastro Silva – Olhar crítico para o impacto das políticas de integração de tecnologias na educação, partindo de referenciais da tecnoética, princípio de precaução e análise de risco. 

Gabriel Henrique Monteiro Silva – A importância da integração crítica das TDIC ao currículo de formação inicial de professores: a perspectiva dos estudantes de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina

Éverton Vasconcelos de ALMEIDA e Roseli Zen CERNY – Integração de TDIC ao Currículo: as perspectivas de tecnologia presentes nos documentos oficiais da política de Santa Catarina

Marcelo Yutaro – Novos perfis docentes a partir da cultura digital: uma análise qualitativa de professores-youtubers de Ciências da Natureza.

Rosely Zen Cerny, Marina Bazzo de Espíndola, Everton Vasconcelos de Almeida, Edna de Oliveira – As tecnologias e o controle do trabalho docente

Rosely Zen Cerny – Políticas de integração da educação a distância nos currículos de cursos presenciais no ensino superior.

O grupo se organiza em torno de um projeto de pesquisa coletivo que reúne as investigações do grupo. Nosso último projeto “Integração de tecnologias ao currículo na contemporaneidade”, já encerrado, reuniu estas três linhas de pesquisa na análise do contexto pandêmico. Neste momento, estamos construindo um novo projeto coletivo ainda em delineamento.

Referências citadas no texto:

Cerny, R. Z., Almeida, E. V., & Espíndola, M. B. (2023). The development of technologies by the school as a process of struggle and counter-hegemonic resistance. Sisyphus – Journal of Education, 11, 109-133. https://doi.org/10.25749/sis.30412

Decuypere, M., Grimaldi, E., & Landri, P. (2021). Introduction: Critical studies of digital education platforms. Critical Studies in Education, 62(1), 1-16. https://doi.org/10.1080/17508487.2020.1866050

Pretto, N., Amiel, T., Bonilla, M. H. S., & Lapa, A. B. (2021). Plataformização da educação em tempos de pandemia. In Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) (Eds.), Educação e Tecnologias Digitais: desafios e estratégias para a continuidade da aprendizagem em tempos de COVID-19 (pp. 221-250). São Paulo: CGI.br. https://doi.org/10.25749/nic.20121

Espíndola, M. B., Cerny, R. Z., Rocha, J. M. G., & Neto, F. F. (2022). Creation of digital educational technologies by school subjects. Sisyphus – Journal of Education, 10(1), 7-21. https://doi.org/10.25749/sis.25417

Espíndola, M. B., & Grané, M. (2023). Critical approaches in educational technology: necessary interrogations. Lisboa. (Prefácio, Pósfacio/Introdução). https://doi.org/10.25749/et.30231

Feenberg, A. (2002). Transforming technology: a critical theory revisited. New York: Oxford University Press. (pp. 3-35). https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195146158.001.0001